Segundo o dicionário on-line de português, refrativa é o feminino de refrativo. Significado de refrativo: que produz refração; que refrata. Ainda de acordo com o dicionário, refratar significa desviar a luz de sua direção primitiva. Portanto, cirurgia refrativa é uma cirurgia que tem por objetivo desviar a luz para dentro do olho, produzindo a refração mais próxima possível da ideal, diminuindo a dependência da correção óptica (óculos ou lentes de contato). E como é feita esta cirurgia?
A córnea é a estrutura transparente que cobre a porção frontal do olho. Sua principal função é refratar a luz para o interior deste. É composta por cinco camadas bem distintas: o epitélio, a camada de Bowman, o estroma, a membrana de Descemet e o endotélio*fig 1., cada qual com suas funções específicas. Todas as camadas da córnea, bem como todas as partes que compõem o olho, são cuidadosamente avaliadas para a realização de uma cirurgia com segurança, isto é, buscamos, através de exames pré-operatórios modernos, descartar alterações oftalmológicas mínimas, que aumentem o risco da aplicação do laser para a correção dióptrica, para corrigir o “grau”.
Esta aplicação de raio laser é feita na camada mais espessa — cerca de 90% da espessura corneana — o estroma. E como chegamos até o estroma? Como transpomos o epitélio e a camada de Bowman? É aí que se diferenciam as duas principais técnicas cirúrgicas, Laser-Assisted in situ Keratomileusis (LASIK) e Photorefractive Keratectomy (PRK).
PRK e LASIK são os dois procedimentos mais comumente realizados com laser para corrigir déficits de foco da visão, conhecidos como erros de refração.
Ambas as técnicas mudam a forma da córnea, têm taxas de sucesso muito altas e podem ser usadas para corrigir os seguintes problemas de visão: miopia — a incapacidade de ver objetos distantes claramente; hipermetropia — a incapacidade de ver objetos de perto claramente; astigmatismo — uma irregularidade na superfície da córnea, que resulta em visão embaçada; presbiopia — a incapacidade de ler as letras miúdas, que ocorre com a idade.
As duas técnicas se diferem na forma como acessam o estroma da córnea, onde ocorre a correção da visão.
Ambos os procedimentos são realizados utilizando colírios anestésicos e ocorrem em três etapas.
PRK
- O epitélio e sua membrana basal são completamente removidos para expor a camada média da córnea, o estroma. A remoção pode ser feita manualmente ou com aplicação de laser.
- Um feixe de laser é usado para corrigir as irregularidades responsáveis por erros de foco no tecido corneano recém-exposto, o estroma.
- Uma lente de contato é colocada sobre a córnea para sua proteção, à medida que sua camada externa se regenera.
LASIK
- Criação de uma fina camada de epitélio e sua membrana basal, chamada de flap, que é como uma capa de livro com uma dobradiça vertical fora do seu campo de visão, que é cuidadosamente levantado e retirado do eixo visual.
- Um feixe de laser é usado para corrigir as irregularidades responsáveis por erros de foco no tecido corneano recém-exposto, o estroma.
- Finalmente, o flap é recolocado suavemente de volta ao seu leito original, onde cicatrizará de maneira espontânea.
Qual é a melhor técnica: PRK ou LASIK? O fato é que ambas as técnicas são igualmente eficazes e têm resultados equivalentes para a correção da visão. Elas se diferenciam no tempo de recuperação e no grau de desconforto que os pacientes experimentam.
Qual é o tempo de recuperação do LASIK e do PRK para obter uma visão nítida? Enquanto a maioria dos pacientes com LASIK pode ver claramente e pode ter uma visão quase perfeita no dia seguinte à cirurgia, a recuperação típica do PRK pode levar de duas semanas a um mês, antes que os pacientes atinjam nitidez visual.
A visão será testada em cada acompanhamento pós-operatório, para monitorar o progresso da cicatrização. A clareza máxima da visão normalmente será alcançada em um mês com o procedimento LASIK, e pode levar até seis meses com PRK.
A recuperação do procedimento PRK pode ser bastante desconfortável. Os pacientes usarão uma lente de contato por uma semana, o que pode causar visão distorcida, desfoque e irritação. Eles também experimentarão grande sensibilidade à luz durante o processo de cura inicial. O médico irá prescrever analgésicos e colírios lubrificantes, antibióticos e anti-inflamatórios para ajudar a controlar o desconforto.
Os pacientes em recuperação de LASIK normalmente não experimentam dor ou desconforto pós-operatório. Raramente, alguns pacientes podem sentir ardência nos olhos, o que normalmente se resolve dentro de poucas horas após a cirurgia.
Cabe ao cirurgião, avaliando os exames pré-operatórios, indicar a melhor técnica cirúrgica para cada caso — até mesmo o estilo de vida de cada pessoa, suas atividades esportivas e laborais, devem ser avaliadas.