Pandemia: casos de miopia em crianças e adolescentes aumentam no Brasil
Mudanças de comportamento e uso excessivo de telas aumentaram a ocorrência e progressão da miopia e outros problemas de visão.
Por: Mariana Lourenço
Os casos de crianças e adolescentes com doenças oculares aumentaram durante a pandemia de COVID-19, devido às mudanças de comportamento e à exposição excessiva a telas no período de isolamento social, apontam estudos no Brasil e no mundo. O uso de computadores, celulares, tablets e videogames acarretou problemas como a progressão de miopia, entre outras queixas de pacientes pediátricos, a exemplo de olhos secos, cefaleia (dor de cabeça), embaçamento visual e estrabismo.
Estudos realizados na Ásia Oriental já identificavam a prevalência de miopia entre jovens que passavam a maior parte do dia utilizando eletrônicos. No período de isolamento social, o mesmo fenômeno foi observado no restante do mundo. “Isso indica que muitas horas diárias brincando com aparelhos eletrônicos têm relação direta com a piora desta patologia ocular”, explica a oftalmologista Dra. Adriana Almeida (CRM – 19192), do Hospital Oftalmológico de Anápolis (HOA).
No Brasil, o aumento da taxa de progressão da miopia em crianças e adolescentes durante a pandemia foi identificado por 72% dos oftalmologistas que participaram de um levantamento realizado pelo Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO), em 2021. A piora do problema devido ao uso de eletrônicos foi apontada por mais de 75% dos 295 profissionais pesquisados. Outros 22% entendem que o agravamento está mais ligado ao uso de tablets e celulares.
O que é miopia e quais seus sinais?
A miopia dificulta enxergar objetos de longe. O aparecimento ou piora dessa patologia, além de características hereditárias, estão associados também a estímulos ambientais, como a falta de exposição à luz solar, exposição constante a luzes artificiais, ausência de sono e de vitamina D, e pouco estímulo para a visão de longe.
Estudos detectaram que a contração frequente do músculo interno do olho (músculo ciliar), responsável pela visão de perto, estimula o crescimento axial do globo ocular e causa o aumento do grau de miopia. Por isso, a oftalmologista Dra. Adriana ressalta ser fundamental haver descansos constantes da visão.
É possível observar os sinais e sintomas de miopia no cotidiano das crianças e adolescentes. Os principais alertas de que a visão pode estar sofrendo algum problema são:
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Apertar os olhos para focar objetos de longe.
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Chegar muito próximo dos objetos para enxergar.
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Fechar um ou ambos os olhos para buscar o foco dos objetos.
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Piscar muito ou esfregar os olhos.
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Dores de cabeça e olhos vermelhos.
Outra orientação importante é a de fazer perguntas aos meninos e meninas em idade escolar, principalmente para as crianças pequenas, sobre como elas estão enxergando o quadro escolar ou se há alguma dificuldade nos momentos de leitura. Conversar com os pequenos contribui para a identificação da presença de algum problema na visão, já que pode acontecer de eles ainda não conseguirem explicar a situação.
Quanto antes o diagnóstico da miopia for realizado, melhor será o prognóstico visual. Para tanto, as consultas ao médico oftalmologista devem ser feitas anualmente. Os exames podem ser realizados em crianças, mesmo antes da idade de verbalização (fala). O procedimento é simples, não invasivo, ou seja, não requer sedação, nem causa dor.
De acordo com a médica Dra. Adriana, o diagnóstico precoce favorece a reeducação da visão da criança, já que o cérebro ainda está desenvolvendo-se e há a possibilidade de estímulo do potencial da visão. A miopia não tem tendência a diminuir, pelo contrário, ela aumenta durante o crescimento. Por esse motivo, o problema exige atenção constante.
A oftalmologista explica também que o tratamento da miopia inclui o uso de óculos ou lentes de contato, com o intuito de estabilizar o avanço do grau da doença. “As cirurgias são recomendadas apenas quando é alcançada a estabilização do problema. Medicamentos são indicados somente para pacientes com miopia muito alta e aumento rápido, e que possam apresentar complicações, como alterações retinianas (degenerações), glaucomas, entre outras. A partir do melhor tratamento avaliado pelo oftalmologista, é possível obter uma vida normal, com boa capacidade visual”, pontua a médica.
Regras
Para a proteção da saúde ocular das crianças, a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) orienta a regra 20-20-20, ou seja, fazer pausa de 20 segundos para olhar objetos a 20 pés (o equivalente a seis metros de distância), uma vez a cada 20 minutos, piscando os olhos voluntariamente e completamente o máximo possível.
A dica contribui para a redução de sintomas de astenopia – conjunto de sintomas que revela fadiga ocular, popularmente conhecida como “vista cansada”. Outras entidades indicam parar a cada hora e descansar por meia hora.
No estudo realizado pelo Conselho Brasileiro de Oftalmologia, mais de 96% dos especialistas relatam que atividades externas podem reduzir as taxas de progressão de miopia em crianças e adolescentes. Os passeios ao ar livre, que favorecem a visão de longe, brincadeiras e práticas esportivas em ambiente aberto, por, pelo menos, duas horas, são orientações recorrentes dos médicos para o equilíbrio da saúde e qualidade de vida das crianças.
Dra. Adriana lembra que o consenso entre os especialistas é o de não abusar dos eletrônicos. “Se as crianças estão estudando on-line, devem fazer intervalos entre as aulas, e no outro período do dia evitar os eletrônicos. Para as menores de 2 anos, a SBP recomenda o uso zero de telas”.
Olhos cansados e as telas
Ficar em frente de telas por muito tempo pode causar dor de cabeça, olhos secos e vermelhos, irritação ou ardência e dificuldade para leitura. Esses sintomas provêm da astenopia digital, um problema relacionado ao uso de monitores, que tem sido cada vez mais comum.
A causa dos incômodos que surgem com a exposição aos dispositivos eletrônicos é a luz azul emitida pelas telas desses aparelhos, que é absorvida com mais intensidade do que a luz ultravioleta, causando desconforto na região dos olhos, geralmente relatado pelos pacientes como “olhos cansados”.
Segundo pesquisas, a luz azul das telas pode provocar danos irreversíveis à retina após muito tempo de uso de certos equipamentos.
Em 2020 a Sociedade Brasileira de Pediatria fez uma atualização quanto às recomendações sobre o tempo limite de uso de telas pelas crianças conforme a tabela abaixo:
– 2 anos zero: Evitar exposição, sem necessidade (nem passivamente)
2 – 5 anos: 1H por dia. Sempre com supervisão de pais, cuidadores ou responsáveis.
6 – 10 anos: 1H a 2H por dia. Sempre com supervisão dos pais, cuidadores ou responsáveis.
11 – 18 anos: 2H a 3H por dia. Incluindo os videogames e nunca permitir que passem a noite jogando.
Atendimento oftalmológico completo
O HOA oferece consultas e tratamentos e realiza cirurgias relacionadas a diversas enfermidades que se manifestam na infância e na adolescência, como hipermetropia, miopia e astigmatismo, ambliopia, catarata congênita, estrabismo, glaucoma congênito, toxoplasmose e outras doenças que podem ser adquiridas pelo bebê durante a gestação, além de doenças da prematuridade (retinopatia), do aparelho lacrimal e tumores oculares.
De forma complementar, os meninos e meninas atendidos em outros serviços do HOA também recebem o acompanhamento do Serviço de Oftalmologia, o que reforça a integralidade da instituição no cuidado a crianças e adolescentes.
O Hospital Oftalmológico de Anápolis (HOA), é especialista em ser completo!
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Responsável técnico: Dra Augusto Pereira / CRM – 5892